terça-feira, 12 de agosto de 2014

Um pouco da Literatura Medieval

Durante a Idade Média, a produção literária esteve claramente vinculada aos processos de ordem política e social da época. Em meio às invasões bárbaras, ocorreu um processo de ruralização da sociedade que dificultou a produção literária entre os séculos V e X. De fato, a grande parte da população medieval não tinha acesso aos livros e nem sequer dominava a escrita de algum idioma.

Atingindo a Baixa Idade Média, podemos ver uma transformação muito interessante na literatura europeia. As línguas nacionais (também conhecidas como línguas vulgares) começaram a quebrar o monopólio que o latim exercia na maioria dos documentos escritos. A poesia épica, marcada pela temática militar, descrevia a coragem dos nobres cavaleiros. “Poema do Cid”, “Canção dos Nibelungos” e “Canção de Rolando” são alguns dos mais importantes exemplos dessa vertente literária.

No século XII, o trovadorismo inaugurou uma nova fase da poesia medieval em que o ambiente de cavalaria passou a dividir espaço com a figura da mulher. O trato refinado, os galanteios e o amor entraram em cena. Nesse mesmo contexto, o desenvolvimento das cidades abriu espaço para que o fabliaux surgisse como um tipo de literatura satírica para que as autoridades, senhores feudais e clérigos fossem criticados pela letra de seus vários autores.

Décadas mais tarde, vemos que o aparecimento das universidades também contribuiu para que vários estudantes concebessem paródias bem humoradas sobre os textos oficiais. Também conhecidos como “poetas goliardos”, esse escritores anônimos abusavam da irreverência para criticar os valores de sua época. “Carmina Burana” é uma das obras que melhor representa a ação crítica desempenhada por esses escritores do baixo medievo.

Alcançando o final da Idade Média, já podemos observar que os valores mundanos começaram a se contrapor à predominância dos valores religiosos. A preocupação dos intelectuais e artistas em pensar na condição humana trilhava os primeiros passos da Renascença. Entre outros exemplos, “A Divina Comédia”, do poeta italiano Dante Alighieri, e “O Romance da Rosa”, de João Menung e Guilherme de Lorris, identificam essa mudança de ênfase e tema.


A Igreja Cristã Ortodoxa e a arte sacra bizantina

Igreja Ortodoxa

A Igreja Ortodoxa é uma igreja cristã, considerada, com uma doutrina semelhante à da Igreja Católica, mas como o termo mesmo diz, possui uma doutrina mais reta, mais rígida. A ortodoxia é a corrente doutrinal que declara que representa a visão correta, fundada em princípios sistemáticos (metafísicos) e científicos. O contrário é a heterodoxia.

Os cristãos ortodoxos, por força da denominação, são os que professam toda a doutrina da fé cristã de acordo com o magistério da Igreja. Se apoderaram, porém, da designação da Igreja bizantina depois do cisma que os opôs a Roma (nos séculos IX e XI) ao se arvorarem em depositários da fé verdadeira em oposição à Igreja latina. Ficaram, por isso, a ser denominados ortodoxos os cristãos da Europa Oriental, que se mantêm separados da Igreja Católica Romana.

A Igreja Ortodoxa se vê como a verdadeira igreja criada por Jesus Cristo, além de não
reconhecerem o Papa como autoridade. Para os cristãos ortodoxos, como são chamados, não existe purgatório e não acreditam na virgindade de Maria após a concepção. Na Igreja Ortodoxa, os padres são liberados para o casamento, desde que este tenha ocorrido antes da sua conversão, e apenas os bispos são obrigados a manter o celibato.

No século XI, no ano de 1054, houve um cisma entre as Igrejas Cristãs, dividindo-as entre o Catolicismo, e Igreja Ortodoxa. Os cristãos ortodoxos não aceitam os dogmas católicos, e nem consideram válidos os sacramentos. A Igreja Ortodoxa chegou ao Brasil no ano de 1904, e a primeira instituição foi criada em São Paulo, em 1954.
A maior autoridade na Igreja Ortodoxa é o Santo Sínodo Ecumênico, desde a fundação até os dias atuais. As igrejas ortodoxas mais importantes são a Igreja Ortodoxa Grega e Igreja Ortodoxa Russa.


Arte sacra bizantina

A arte bizantina foi uma mistura de influências helênicas, romanas, persas, armênias e de varias fontes orientais, sendo assim preservada a cultura clássica greco-romana. Com essa mistura de etnias, foi possível associar todas as partes da cultura bizantina: como o idioma grego, a religião cristã, o direito romano, o gosto pelo requinte oriental, a arquitetura de inspiração persa entre outros, formando assim um novo estilo de arte, rico na técnica e na cor.

Na maioria das vezes com relação à igreja cristã, o objetivo principal da arte bizantina foi representar por meio da arte a supremacia do espiritual sobre o material, da essência sobre a forma, e a elevação da contemplação das coisas espirituais conseqüência dessa proposição. Podemos afirmar então que a arte bizantina está dirigida pela religião. O clero também organizava a arte, fazendo com que os artistas fossem meros executores de suas obras.

O imperador não só tinha poderes administrativos e espirituais, mas era também considerado o representante de Deus. Assim os artistas faziam a imagem dele com uma auréola sobre a cabeça, muito encontrado em mosaicos, onde imperador e imperatriz na maioria das vezes encontravam-se ao lado da Virgem Maria e o Menino Jesus.
A aparência grandiosa das figuras frontais, fortalecidas nas obras da arte bizantina, deu lugar a obras que além de se manter solenes e majestosas, eram mais vivazes e variadas.

Foi da arte bizantina que surgiu os modelos para toda a Idade Média. Nela também surgiu, pela primeira vez, representações das côrtes angelicais. Dentro dos templos, a arte representou uma teologia da imagem. Na parte interna, a arte pode ser concretizada através de pinturas, mosaicos e esculturas. A imagem bizantina foi um aumento do tempo do dogma e o progresso doutrinal através da doutrina da arte.  

Cruzadas

As cruzadas foram tropas ocidentais enviadas à Palestina para recuperarem a liberdade de acesso dos cristãos à Jerusalém. A guerra pela Terra Santa, que durou do século XI ao XIV, foi iniciada logo após o domínio dos turcos seljúcidas sobre esta região considerada sagrada para os cristãos. Após domínio da região, os turcos passaram impedir ferozmente a peregrinação dos europeus, através da captura e do assassinato de muitos peregrinos que visitavam o local unicamente pela fé.
Em 1095, Urbano II, em oposição a este impedimento, convocou um grande número de fiéis para lutarem pela causa. Muitos camponeses foram a combate pela promessa de que receberiam reconhecimento espiritual e recompensas da Igreja; contudo, esta primeira batalha fracassou e muitos perderam suas vidas em combate.   
Após a Primeira Cruzada foi criada a Ordem dos Cavaleiros Templários que tiveram importante participação militar nos combates das seguintes Cruzadas.
Após a derrota na 1ª Cruzada, outro exército ocidental, comandado pelos franceses, invadiu o oriente para lutar pela mesma causa. Seus soldados usavam, como emblema, o sinal da cruz costurado sobre seus uniformes de batalha. Sob liderança de Godofredo de Bulhão, estes guerreiros massacraram os turcos durante o combate e tomaram Jerusalém, permitindo novamente livre para acesso aos peregrinos. 
Outros confrontos deste tipo ocorreram, porém, somente a sexta edição (1228-1229) ocorreu de forma pacífica. As demais serviram somente para prejudicar o relacionamento religioso entre ocidente e oriente. A relação dos dois continentes ficava cada vez mais desgastada devido à violência e a ambição desenfreada que havia tomado conta dos cruzados, e, sobre isso, o clero católico nada podia fazer para controlar a situação. 
Embora não tenham sido bem sucedidas, a ponto de até crianças terem feito parte e morrido por este tipo de luta, estes combates atraíram grandes reis como Ricardo I, também chamado de Ricardo Coração de Leão, e Luís IX. 

Relação de todas as Cruzadas Medievais:

- Cruzada Popular ou dos Mendigos (1096)
- Primeira Cruzada (1096 a 1099)
- Cruzada de 1101
- Segunda Cruzada (1147 a 1149)
- Terceira Cruzada (1189 a 1192)
- Quarta Cruzada (1202 a 1204)
- Cruzada Albigense (1209 a 1244)
- Cruzada das Crianças (1212)
- Quinta Cruzada (1217 a 1221)
- Sexta Cruzada (1228 a 1229)
- Sétima Cruzada (1248 a 1250)
- Cruzada dos Pastores (1251 a 1320)
- Oitava Cruzada (1270)
- Nona Cruzada (1271 a 1272)
- Cruzadas do Norte (1193 a 1316)

Consequências 

Elas proporcionaram também o renascimento do comércio na Europa. Muitos cavaleiros, ao retornarem do Oriente, saqueavam cidades e montavam pequenas feiras nas rotas comerciais. Houve, portanto, um importante reaquecimento da economia no Ocidente. Estes guerreiros inseriram também novos conhecimentos, originários do Oriente, na Europa, através da influente sabedoria dos sarracenos.
Não podemos deixar de lembrar que as Cruzadas aumentaram as tensões e hostilidades entre cristãos e muçulmanos na Idade Média. Mesmo após o fim das Cruzadas, este clima tenso entre os integrantes destas duas religiões continuou. 
Já no aspecto cultural, as Cruzadas favoreceram o desenvolvimento de um tipo de literatura voltado para as guerras e grandes feitos heróicos. Muitos contos de cavalaria tiveram como tema principal estes conflitos.



Curiosidade: A expressão "Cruzada" não era conhecida nem mesmo foi usada durante o período dos conflitos. Na Europa, eram usados termos como, por exemplo "Guerra Santa" e Peregrinação para fazerem referência ao movimento de tentativa de tomar a "terra santa" dos muçulmanos.


Igreja Medieval

No ano de 391, a religião cristã foi transformada em religião oficial do Império Romano. A partir deste momento, a Igreja Católica começou a se organizar e ganhar força no continente europeu. Nem mesmo a invasão dos povos bárbaros (germânicos) no século V atrapalhou o crescimento do catolicismo. Durante a Idade Média (século V ao XV) a Igreja Católica conquistou e manteve grande poder. Possuía muitos terrenos (poder econômico), influenciava nas decisões políticas dos reinos (poder político), interferia na elaboração das leis (poder jurídico) e estabelecia padrões de comportamento moral para a sociedade (poder social). 

Como religião única e oficial, a Igreja Católica não permitia opiniões e posições contrárias aos seus dogmas (verdades incontestáveis). Aqueles que desrespeitavam ou questionavam as decisões da Igreja eram perseguidos e punidos. Na Idade Média, a Igreja Católica criou o Tribunal do Santo Ofício (Inquisição) no século XIII, para combater os hereges (contrários à religião católica). A Inquisição prendeu, torturou e mandou para a fogueira milhares de pessoas que não seguiam às ordens da Igreja. 

Enquanto parte do alto clero (bispos, arcebispos e cardeais) preocupava-se com as questões políticas e econômicas, muitos integrantes da Igreja Católica colocavam em prática os fundamentos do cristianismo. Os monges franciscanos, por exemplo, deixaram de lado a vida material para dedicarem-se aos pobres.

A cultura na Idade Média foi muito influenciada pela religião católica. As pinturas, esculturas e livros eram marcados pela temática religiosa. Os vitrais das igrejas traziam cenas bíblicas, pois era uma forma didática e visual de transmitir o evangelho para uma população quase toda formada por analfabetos. Neste contexto, o papa São Gregório (papa entre os anos de 590 e 604) criou o canto gregoriano. Era uma outra forma de transmitir as informações e conhecimentos religiosos através de um instrumento simples e interessante: a música. 


A Igreja Católica Atualmente 

Atualmente, a Igreja Católica é muito diferente do que era na Idade Média. Hoje, ela não tem mais todo aquele poder e não pratica atos de violência. Pelo contrário, posiciona-se em favor da paz, liberdade religiosa e do respeito aos direitos dos cidadãos. O papa, autoridade máxima da Igreja, pronuncia-se contra as guerras, terrorismo e atos violentos. Defende também a união das pessoas, principalmente dos países mais ricos, na luta contra a pobreza e a miséria. 

Sociedade Medieval e a Vassalagem e Suserania

Sociedade

A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corveia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal). 


Vassalagem e Suserania

Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e suserania. Nesta relação de reciprocidade, o vassalo recebia terra, objetos materiais ou até mesmo um castelo de seu suserano. Em troca, o vassalo devia oferecer fidelidade absoluta e proteção ao seu suserano.
Havia uma cerimônia denominada "homenagem", que muitas vezes poderia acontecer dentro de uma igreja, para selar os laços entre vassalo e suserano. Na cerimônia, o vassalo se ajoelhava e colocava suas mãos entre as mãos do suserano (senhor), prometendo-lhe lealdade e fidelidade.
O rei, geralmente, era o suserano com mais poder na Idade Média, sendo que seus vassalos eram, principalmente, senhores feudais e cavaleiros. Estes senhores feudais e cavaleiros também possuíam vassalos, formando, na Idade Média, extensos laços de vassalagem.
Todo os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos). Desta forma, num momento de guerra, milhares de guerreiros eram mobilizados. 
Nas Cruzadas, por exemplo, os cristãos conseguiram mobilizar milhares de guerreiros, para combater os muçulmanos na Terra Santa, graças as inúmeras relações de vassalagem e suserania que existiam na Europa Medieval.


Economia ruralizada na Idade Média?

A economia feudal baseava-se principalmente na agricultura. Existiam moedas na Idade Média, porém eram pouco utilizadas. As trocas de produtos e mercadorias eram comuns na economia feudal. O feudo era a base econômica deste período, pois quem tinha a terra possuía mais poder. Depois da queda de Roma, os ataques bárbaros provocaram a fuga da população para a zona rural em busca de proteção em propriedade de nobres (feudos). Esse fenômeno deu origem aos feudalismo. O artesanato também era praticado na Idade Média. A produção era baixa, pois as técnicas de trabalho agrícola eram extremamente rudimentares. O arado puxado por bois era muito utilizado na agricultura.